15.9.15

Resenha: Lira dos Vinte Anos


Título: Lira dos Vinte Anos
Autor: Álvares de Azevedo
Editora: Ciranda Cultural
Ano: 2009
ISBN: 9788538004738
Número de páginas: 256
O clássico do Romantismo, escrito por Alvares de Azevedo, é uma seleção de poesias dividida em três partes. 
Na primeira, Azevedo utiliza-se daquela temática mais sentimental, com a temática da amada inalcançável, morta, virgem, fria e pálida em seu "leito de flores". O poeta suspira em seus versos a morte do seu amor. Nesta parte está presente Soneto, amplamente difundido nos livros escolares de Literatura para exemplificar a segunda geração romântica. 
Soneto

Pálida, à luz da lâmpada sombria,

Sobre o leito de flores reclinada,

Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor, ela dormia.
(...)
A segunda parte apresenta poemas mais satíricos, irônicos e até mesmo contos e teatros na forma de poema. É uma fase de experimentação do autor, em que ele se sente livre para ironizar até mesmo a sua escola literária. Nesta parte da Lira é que encontramos os poemas É ela! É ela! É ela! É ela! e Namoro a cavalo, que também são bem famosos. O primeiro fala sobre o amor do poeta por uma lavadeira que é sua vizinha. Ele a espreita enquanto dorme e a ouve roncar. Este poema é uma verdadeira sátira à mulher romântica, que era bela, pura, doce e rica. O segundo conta uma pequena historia sobre um homem (o eu-lírico), residente no Catumbi, que resolve ir visitar sua amada que mora no final da rua do Catete (no poema dá a entender que é um caminho bem longo). Para isso, ele compra um terno, flores e aluga um cavalo. Mas chovera no dia anterior, então o terno fica todo enlameado. Vendo o rapaz todo sujo, a namorada bate-lhe a janela na cara, acertando o cavalo que "ignorante de namoros, (..) arrepia-se, pula e dá-me um tombo com pernas para o ar, sobre a calçada." Para ajudar, o nariz do eu-lírico sangra e suas calças inglesas rasgaram-se no meio.

A terceira parte retoma a temática sentimental, porém os poemas são bem mais erotizados, exprimindo o desejo sexual do eu-lírico sobre a amada. Alguns poemas ainda retomam a temática da morte e da donzela, enquanto outros mostram as lembranças do eu-lírico em situações mais, digamos assim, prazerosas com suas amadas (essas, no caso, não são mais "donzelas")

Minha opinião:

Eu não sou a maior fã de poesia (me julguem), e gosto menos ainda de poesia romântica. Mas seria ousadia minha falar que o livro é ruim. Lira dos Vinte Anos é um clássico, e clássicos merecem respeito. Não que eu seja obrigada a gostar de todos, longe disso. É que não tenho autoridade suficiente para criticar uma obra de tamanha importância na literatura nacional.
Por não gostar muito de poesia, a minha leitura deste livro foi bem demorada e cansativa. Para ser sincera, em vários momentos fiquei sem saber o que estava lendo, parava no meio de poemas (que tem paginas e páginas de extensão) e depois de alguns dias voltava a ler, tendo perdido completamente o fio da meada. Eu não considero poesia uma leitura fácil, por isso, se eu tivesse lido um ou dois poemas curtos por dia, em momentos relaxantes, talvez minha leitura tivesse sido mais produtiva. Mas tenho cerca de uma hora por dia para ler, durante a semana, e eu leio no ônibus, então, se a leitura não for agradável, dá sono, dá vontade de mexer no celular, qualquer outra coisa. E foi o que aconteceu comigo, infelizmente. 
Eu comprei o meu exemplar em alguma feira do livro; sempre compro algo nessas feiras que às vezes vão para o shopping da minha cidade, ou que eu encontro na rodoviária de Campinas e de São Paulo (sei do Terminal Tietê, não sei se na Barra Funda tem). Então, comprei porque era um clássico, porque estava barato (uns 5 reais) e porque tinha curiosidade a respeito da obra deste poeta que morreu jovem demais. A minha primeira experiencia de leitura deste livro me desanimou totalmente. Não devo ter chegado sequer à pagina 50, e eu tinha coisas mais legais para ler e fazer nas férias (tipo nada), então abandonei. Na verdade, este princípio de leitura me fez perceber que não gosto muito de poesia (calma, gente, eu amo o Drummond, Vinícius de Moraes...). No fim do ano passado, vi o projeto da TBR Jar no canal da Mell Ferraz (Blog Literature-se) e resolvi fazer uma para mim, para tentar atualizar s livros não lidos invés de ficar comprando novos compulsivamente. Logo, Lira dos Vinte Anos entrou para a tal da garrafinha (Minha TBR-jar). E nesse ultimo sorteio, resolvi dar a segunda chance, numa boa. Realmente me decepcionei. Eu esperava que lendo de novo depois de um tempo, percebesse o bom trabalho e gostasse. Enfim, o trabalho realmente é lindíssimo, não desmereço o Alvares de Azevedo pela obra não. É que simplesmente não faz meu estilo. Detalhe: Achei a Noite na Taverna até que bem legal, então creio que meu problema não seja com o autor, mas com o estilo. Quem sabe daqui a alguns anos minha opinião mude...
Acho que é válido dar uma chance aos clássicos, então se você não gosta muito de poesia também e quiser arriscar, eu apoio. Mas não é uma obra que eu indicaria, pelo contrário. 


2 comentários:

  1. Eu li "Lira dos Vinte Anos" quando tinha 15 anos. Antes disso tinha lido uma coletânea de poemas do Romantismo Brasileiro, e Álvares de Azevedo estava lá. Eu tinha gostado, e no livro havia uma pequena biografia de cada um dos poetas selecionados, lá dizia que "Lira dos Vinte Anos" foi o único de livro de poesia publicado pelo Azevedo, que morreu muito jovem. Então, no dia que encontrei esse livro numa banca de jornal (edição de bolso da Martin Claret, muito bonita, aliás) comprei sem pensar duas vezes! Os poemas que eu mais gostei foram os da primeira parte, os que falam de amor. Não gostei muito da parte mais sombria, sobre morte, miséria e ódio, mas por fim, acabei gostando muito do livro. Mas eu entendo que é uma leitura complicada. Eu não sairia recomendando para qualquer pessoa.

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    1. Que bom que gostou, Lethycia! Eu queria ter gostado, comecei cheia de expectativas e "quebrei a cara". Mas acho que a experiência foi válida sim, pelo menos sei que poesia não é exatamente o meu gênero... Beijos, seja bem vinda a bordo!

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