16.8.15

Resenha: O sol é para todos



            O sol é para todos conta a história de Scout, uma menina meio "moleque" que vive em uma cidadezinha no interior do Alabama durante a crise de 1929. Entre relatos de suas aventuras com seu irmão Jem e seu amigo Dill, a menina fala do seu pai, o advogado Atticus Finch que passa a ser hostilizado na cidade porque está defendendo um negro acusado de estuprar uma moça branca.

         O caso é tratado com a inocência  de uma criança entre seis e oito anos de idade, tanto que Scout chega a perguntar para Calpúrnia, sua cozinheira, o que é um estupro. Por isso, todo o relato é feito da maneira mais imparcial possível.
        Ao meu ver, a história não foca tanto no fato de Tom Robinson ser culpado ou não, mas no extremo racismo que a população negra sofria naquela época. A garota supostamente violentada faz parte de uma família que " vivem como bichos", segundo a definição de Atticus Finch. Miseráveis, pegam do lixo tudo o que precisam e vivem de auxílio do governo. O pai mandava as crianças para a escola apenas para terem o nome na lista de chamada e poder receber o subsídio.  Eram muito mal vistos na cidade, mas mesmo assim, a população branca se volta contra Tom, que era trabalhador e sustentava sua família.
      O sol é para todos é uma história, que, salvo algumas alterações, poderia se passar hoje, e por que não, no Brasil. Harper Lee destrincha o preconceito em suas mais diversas formas: o vizinho recluso, a tia que quer fazer de Scout uma dama, a professora intolerante e principalmente o racismo.
     É uma história muito bonita, muito bem escrita (não é a toa que é um dos maiores clássicos americanos) , e deveria ser lida por todas as pessoas, pois todos cultivamos algum preconceito. Acho que é muito difícil alguém ler e não se apaixonar por esse livro. Apesar de ser um clássico, a linguagem é muito simples, e a estrutura não é muito complexa. No início a historia pode não parecer tão interessante porque narra apenas as aventuras de Scout tentando descobrir sobre seu vizinho recluso, então não há uma aproximação com a sinopse. Mas conforme as páginas vão passando, vai surgindo aquela curiosidade para descobrir sobre Boo Radley, ou sobre como Scout irá se virar na escola. Aos pouquinhos, o tema principal vai sendo introduzido, até que o leitor se veja totalmente mergulhado no caso defendido por Atticus Finch. Também vai se tornando claro toda a mentalidade da população a respeito dos diversos tipos de preconceito já abordados anteriormente.
      O sol é para todos apresenta tanto personagens tipificados (como a vizinha fofoqueira, a tia intrometida) quanto outros absurdamente complexos e profundos, como Finch, que possui uma integridade moral surpreendente, além de saber resolver seus problemas com os filhos no diálogo, tratando-os como pessoas e não como meras crianças. Em um contexto extremamente racista, Atticus trata a cozinheira como membro da família e como grande auxiliar na criação dos filhos.

     Separei algumas citações que mais me marcaram:
"Se só existe um tipo de gente, por que as pessoas não se entendem? Se são todos iguais, por que se esforçam para desprezar uns aos outros?"
"A única coisa que não se deve curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa."
      Eu li essa nova edição da editora José Olympio, que é muito amor *-* e veio com uma sacola também.

2 comentários:

  1. Nossa! Que resenha incrível!
    Me lembro de ter recebido uma recomendação de "O sol é para todos" quando conversei com um amigo sobre o livro que estava lendo, "Caminhos Cruzados", de Erico Verissimo, que é a respeito de diferenças sociais. Eu disse a ele que gostava de livros assim, e ele me recomendou o clássico da Harper Lee, um livro do qual eu nunca tinha ouvido falar (acredite nisso).
    Isso faz quase um ano, e até hoje eu nunca havia realmente corrido atrás de informações relevantes sobre o livro, mas vendo que se trata de coisas tão importantes, eu sinto que preciso ler! Sou muito preocupada com causas sociais, e adoro ler livros que estejam voltados para isso.
    O fato de ser narrado por uma criança me faz ficar ainda mais interessada, porque adoro livros com crianças! E fico imaginando a dificuldade que uma menina de apenas 8 anos teria para compreender o quanto as pessoas podem ser cruéis umas com as outras.
    Agora sei que estou muito interessada nesse livro! Obrigada pela resenha, Lívia! Agradeço por ter comentado lá no blog (aliás, respondi seu comentário), e vim imediatamente visitar seu link. Desejo crescimento para nós duas - e claro, desejo também muita leitura!

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    1. Muito obrigada pelo carinho, Lethycia! Eu gostei bastante do seu blog! Leia quando tiver a oportunidade! Eu conhecia só por nome mesmo, mas foi vendo os vídeos da Mell Ferraz, do Literature-se que me interessei. Ainda mais depois que ganhei Claros Sinais de Loucura dela de aniversário, e aí a recomendação foi que eu lesse primeiro para aproveitar bem! Dito e feito! Melhor experiência EVER! Desejo muito sucesso para você também! Beijos, seja bem vinda a bordo!!

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