30.9.16

Resenha: Ratos e Homens



Olá passageiros, tudo bem com vocês? Na resenha de hoje irei falar sobre um clássico da literatura mundial que eu recomendo a todas as pessoas. Eu não costumo fazer releituras, mas eu fiz a deste livro porque queria muito falar sobre ele com vocês.

Título: Ratos e Homens
Autor: John Steinbeck
Editora: LPM Poket
Tradução: Ana Ban
Ano: 1937
Número de Páginas: 144
Edição de 2010 
ISBN: 978-85-254-1378-9

O livro conta a história dos amigos George e Lennie, que são totalmente opostos: Enquanto George é franzino e esperto, Lennie é grandalhão, praticamente uma muralha humana, porém desprovido de inteligência. O que une esses homens é a condição de marginalizados que compartilham. Os dois andam pelos EUA em busca de empregos sazonais em fazendas na Califórnia em troca de praticamente moradia e alimentação. Ambos têm um sonho de comprarem um pedacinho de terra e dela viverem.


O livro começa com os amigos encaminhando-se ao novo emprego. Haviam saído fugidos da fazenda em que trabalharam anteriormente por conta de uma "confusão" que Lennie aprontou.

Lennie, apesar do tamanho, não carrega maldade dentro de si. Sua mentalidade é de uma criança, mas tem uma força absurda. Ele gosta muito de acariciar animais, principalmente ratos, porém sempre os mata por não ter consciência de seu "poder de destruição". Claro que a cada animal morto é repreendido por George, que é astuto e ajuizado. Este homem cuida do amigo com muita dedicação apesar de seu jeito bronco. Além disso, é ele quem toma conta do dinheiro e o guarda a fim de realizar o seu sonho.

Eles chegam para trabalhar em uma fazenda nova e logo fazem amizade com os outros peões. George parece estar sempre encobrindo algo e pede que Lennie evite falar para não arranjarem problemas.
Eles acabam descobrindo que o filho do patrão não é flor que se cheire, pois morre de ciúmes de sua esposa, uma moça muito bonita que gosta de passear pela fazenda e de conversar com os peões. George refere-se a ela como "oferecida", mas creio que acima de tudo ela fosse uma mulher solitária e refém do próprio marido.
"Essa gente num tem família. Num pertence a lugá nenhum. Eles vai até uma fazenda e trabaia pra ganhá um dinhero e daí vai pra cidade gastá o dinhero, e logo já tá lá, arrastando o rabo em otra fazenda. Essa gente num tem nada que esperá do futuro."
A narrativa em si é uma história simples, sem grandes requintes ou reviravoltas. O final seria até previsível de certa forma. Mas não julguem o livro mal. A narrativa não passa de um pano de fundo para uma reflexão sobre uma verdade dura e infelizmente atual. Apesar de o livro se passar durante a recessão econômica da década de 1930, ainda temos sim trabalhadores marginalizados e solitários por aí. Esta história traz bastante sensibilidade ao tema ao retratar o vocabulário popular dos peões, ao descrever seus sonhos impossíveis e a humanidade que habita dentro de cada personagem. São homens fortes, brutos, sem refinamento ou instrução alguma, mas que carregam dentro de si muitos sentimentos, vontades, desejos e  memórias. O autor conseguiu retratar a humanidade nas condições sub-humanas em que viviam estes peões.

O livro também acaba mostrando o racismo que os negros sofriam. Apesar dos protagonistas serem brancos, um personagem negro se destaca por ser ainda mais marginalizado que os outros. Ele sequer tinha direito a um catre (espécie de cama simples) na casa dos peões, e dormia numa caixa de madeira no estábulo. É Lennie quem vai acabar conquistando Crooks, o personagem que por motivos óbvios mostra-se mais defensivo e preso em suas "cascas". E acabamos por descobrir que acostumou-se tanto à vida que leva que gosta de ter "um canto só seu", mesmo que seja no meio dos animais.

Eu realmente não consigo traduzir em palavras todas as emoções que este livro me provocou. Talvez tenha sido por sua sensibilidade e caráter de denúncia que ganhou o Prêmio Nobel de 1962. Recomendo a leitura a todos. Sem exceção.


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4 comentários:

  1. Nossa, que interessante! Me fez lembrar de "À espera de um milagre", porque acontece na mesma época, porque o John Coffey tem as mesmas características do Lenine, por causa da questão do racismo e porque também tem uma coisinha sobre ir trabalhar numa fazenda. Mesmo com o que você disse sobre o final ser previsível, eu acho que gostaria de ler, porque as questões envolvidas na história são importantes pra mim.

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    1. Acredita que ainda não li À Espera de um Milagre e também não vi o filme? Agora estou me coçando para ler hahahah É, o final não interfere na qualidade desta obra em especifico porque creio que ela seja mais sobre as entrelinhas do que sobre a história dos dois amigos. E se você ler, perceberá que com toda a trajetória dos personagens não dava para esperar algo muito diferente, embora o leitor sempre torça para ser surpreendido ou ao menos para ter suas expectativas atendidas. Acho que você vai gostar bastante. Já até quero ler a sua resenha porque sei que vai tirar umas interpretações que eu jamais perceberia!

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