8.3.16

Livros que mostram o poder feminino

Hoje é 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Há 159 anos operárias de uma fabrica em Nova York resolveram lutar por melhores condições de trabalho, mas foram caladas de uma forma muito cruel: a fábrica foi incendiada com as mulheres dentro.
Cerca de 130 tecelãs foram carbonizadas. Em 1910, na Dinamarca, foi decidido que este dia seria lembrado todos os anos, mas a data só foi oficializada pela ONU no ano de 1957. Hoje, queria dar os parabéns para todas nós, mulheres, que lutamos todos os dias por igualdade de direitos. Apesar de já podermos votar e trabalhar fora de casa, ainda somos muito discriminadas com baixos salários, violência e preconceitos. Os movimentos feministas ganham cada vez mais força e cada vez mais apoiadoras em busca de um mundo em que homens e mulheres sejam vistos como iguais.
É claro que o Check-in Virtual não iria deixar esta data tão importante passar em branco. Então, resolvi participar da Blogagem Coletiva do grupo no Facebook Liga Blogesfera, e vou mostrar o poder feminino através de livros. Indicarei obras que tenham personagens que caberiam muito bem em movimentos feministas e também escritoras que mostram o seu poder nos presenteando com obras maravilhosas e personagens femininas incríveis. Como imagens ilustrativas, optei por escolher a mulher que mais se destaca em cada obra que citei, seja ela a escritora ou a personagem. 

Dom Casmurro- Machado de Assis
Maria Fernanda Cândido como Capitu na minissérie da Globo


Apesar de ser escrito por um homem, o livro retrata uma mulher decidida e de personalidade forte que entende muito bem de "assuntos masculinos" como finanças e negócios. Capitu vem de uma família pobre e é amiga de infância de um herdeiro, o Bentinho. Diferentemente das personagens contemporâneas, é Capitu quem manipula Bentinho. Ela sabe se impor diante das situações cotidianas e desafia a sociedade com sua inteligência e poder de convencimento,. Não espera que lhe apareça um noivo num cavalo branco à sua frente (até mesmo porque os casamentos do século XIX eram negócios e ela não tinha dote algum a oferecer). Capitu convence a família Santiago que ela é a noiva certa para Bentinho. Consegue a sua sonhada ascensão social casando-se com um homem que ama. Este comportamento independente é uma das causas do ciúme doentio de Bentinho e sua desconfiança constante que foi traído pela mulher e o melhor amigo, Escobar. Diante das mulheres submissas e frágeis de sua época, Capitu destaca-se por ser diferente. A isso damos o mérito a Machado de Assis que conseguiu quebrar este paradigma.

Gabriela, Cravo e Canela- Jorge Amado
Juliana Paes como Gabriela na novela da Globo

Outro livro escrito por homem que mostra uma mulher que desafia a sociedade em que vive por sua liberdade. No caso de Gabriela, trata-se da liberdade sexual. Ela é um espírito livre e não quer prender-se a um marido, acatar suas ordens e relacionar-se exclusivamente com ele. Gabriela quer ter liberdade de escolher os homens com quem irá se relacionar sem compromisso algum, apenas por prazer. Gosta de ser cortejada, de ter sua beleza admirada. Mas para a sociedade este seu comportamento não se passa de "pouca vergonha".

Qualquer livro da saga Harry Potter - J.K.Rowling


Primeiramente, gostaria de destacar a autora, nossa rainha J.K, que coloriu a infância de muitos e a minha adolescência com o seu universo mágico. J.K conseguiu arrastar multidões às livrarias e ficar por muito tempo nas listas de mais vendidos. Além do seu sucesso pessoal, podemos destacar entre seus personagens muitas meninas que vimos tornar-se mulheres fortes e corajosas. Meu maior exemplo é a Hermione que, com sua sede por conhecimento e grande coragem, teve papel crucial no desfecho da saga e salvou muitas vezes os seus amigos. Também quero destacar a Luna Lovegood, por sua lealdade e claro, minha querida Molly Weasley, com seu coração enorme que "adotou" o Harry mesmo não tendo dinheiro e tendo outros sete filhos para sustentar. Além disso, nunca lhe faltou coragem e força para defender seus filhos. 

Frankenstein- Mary Shelley



Apesar de conhecer apenas sua obra mais famosa (e não gostar dela), não posso deixar de homenagear a conquista da autora, que podia escrever mesmo sendo mulher, em pleno século XIX. Ela era filha de uma das primeiras feministas da história (com obras feministas publicadas, inclusive) e de um jornalista anarquista. Ela publicou seu primeiro poema aos 10 anos de idade. Shelley era casada com Percy Bysshe Shelley, um famoso poeta romântico, e conviveu bastante com Lord Byron, que a influenciou a escrever Frankenstein. No prefácio da obra ela explica como foi esta influência. Uma de suas obras (O Último Homem) influenciou bastante a ficção científica. 

Qualquer livro da Agatha Christie

Agatha Christie e seus romances

Em um universo predominantemente masculino como os romances policiais, Agatha consegue ser talvez o maior nome do gênero. Foi escolhida pelo Guiness Book como a romancista mais bem sucedida da literatura mundial em número de exemplares vendidos, perdendo apenas para William Shakespeare e a Bíblia.  Ela é perspicaz ao escrever, sabe tecer mistérios como ninguém e inclusive ousa colocando uma senhora como uma detetive amadora, nossa querida Miss Marple! 

Seminário dos Ratos - Lygia Fagundes Telles

A autora é a primeira escritora brasileira a ser indicada ao prêmio Nobel de Literatura. Este livro, em especial, trata-se de mistérios psicológicos sem solução. Muitas vezes entra com o elemento fantástico para dar vida às narrativas, como no conto homônimo, em que formigas montam um esqueleto humano e o leitor não descobre o porquê. 

Trilogia Millenium - Stieg Larsson

Rooney Mara como Lisbeth Salander em Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Eu fiz um post especialmente para esta série e volto a afirmar: Lisbeth Salander é minha personagem feminina preferida! Ela preza por sua liberdade, não abaixa a cabeça por ninguém e teve uma vida muito difícil, o que a fez forte. Lisbeth enfrenta, faz justiça com as próprias mãos e tem um modo de vida peculiar. Ela é inteligente, e "fodona", com o perdão da palavra. Mas não há outro adjetivo que a descreva melhor do que este. 


Dedico este post a todas as mulheres fortes que conheço. Minhas avós, minhas tias e principalmente a minha mãe, a mulher mais fantástica que eu conheço. Sintam-se homenageadas com o seu dia, minhas leitoras! E vamos em frente que ainda temos muito a conquistar!




6 comentários:

  1. Que honra ser a primeira a comentar nesse post maravilhoso!
    Adorei todas as suas indicações. Eu nunca tinha pensado na Capitu dessa forma, talvez porque era muito nova quando li Dom Casmurro. Eu também não imaginava que a Mary Shelley era filha de uma feminista. E só de você ter citado a Lisbeth, eu já fico com mais vontade de ler a Trilogia Millenium. <3
    Parabéns pelo post!

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    1. Eu que me sinto honrada em ter seu comentário aqui no topo! Sempre torci pela Capitu, nunca concordei com a demonização que Bentinho faz dela. A Mary Shelley inicialmente eu colocaria por ser autora de um clássico mundial numa época em que mulheres praticamente não escreviam e descobri essa curiosidade fantástica enquanto pesquisava para montar o post. E quanto a Lisbeth, ela é sensacional! É a alma da série, até porque de certa forma tudo gira em torno dela e de seu passado.
      Parabéns pelo dia internacional da mulher!!

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  2. Eu amo Agatha Christie e tenho a ambição de ler todos os livros dela hauhua

    bruna-morgan.blogspot.com

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    1. Bruna, também tenho essa ambição!! Beijos, seja bem vinda a bordo!!

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  3. Dom Casmurro é lindo demais!!!!!
    Bjos amiga e obrigada pelas dicas!
    http://www.elianedelacerda.com

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    1. De nada!Eu amo este livro!! Também acho lindo demais! Queria reler, mas perdi o meu :/
      Beijos, seja bem vinda a bordo!

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Ilustração por Wokumy • Layout por