Resenha-Moby Dick

Título: Moby Dick

Autor: Herman Melville

Tradução e adaptação: Rita Galvão

Ilustração: Cutrona

Editora:  Abril Coleções

Ano: 2012

Queria iniciar esta resenha com um alerta: Trata-se de uma adaptação, e, portanto, esta edição não traz o texto integral da obra. Caso veja esta edição maravilhosa, custando baratinho, tenha a certeza se quer ler uma adaptação ou a obra original.

Em uma feira do livro em São Pulo, encontrei, pela bagatela de 10 reais, este exemplar lindo, e não hesitei em comprar. Detalhe: Eu não li o box amarelo que dizia "adaptado e ilustrado", então pensei tratar-se da obra original (como ela poderia estar em capa dura num volume tão fino em relação aos outros de mesmo título eu não sei). Chegando em casa é que percebi a burrada que havia feito. Passada a raiva, adicionei meu novo livro à TBRJar, e algum tempo depois, ele foi sorteado. 

O livro é narrado por Ishmael, um marujo que resolve aventurar-se em um navio baleeiro. Antes mesmo de embarcar já se envolve em situações emocionantes (quero dizer, assustadoras). Em sua chagada a Nantucket, cidade portuária dos Estados Unidos de onde saíram muitas expedições rumo aos sete mares atrás das baleias, o nosso narrador-personagem não encontra um quarto sequer na hospedaria e se vê obrigado a dividir a cama com um arpoador de etnia indígena (tratado como "selvagem" na obra). Seu colega de quarto, Queequeg é assustador, tem tatuagens por todo o corpo e é extremamente bronco. Mas logo Ishmael descobre tratar-se de boa pessoa. 

Embarcando no navio Pequod, o capitão passa dias sem aparecer. Quando resolve sair ao convés, descobrimos que ele perdera a perna em um embate com Moby Dick, uma baleia enorme e muito agressiva, e desde então usa um pedaço de maxilar de baleia como perna. Este episódio despertou no capital Ahab uma sede tão grande de vingança que passa a arriscar a vida de toda a tripulação a fim de destruir a baleia. A partir do embarque, a narrativa permanece inteira em alto-mar. 

Quando iniciei a leitura, não sabia do que se tratava a história (me julguem), apenas sabia que Moby Dick era uma baleia. Nunca havia lido nada com esta temática, e confesso que ela me incomodou: não gosto de baleeiros. Simples assim. Hoje há baleias em extinção, há muita luta para salvá-las devido à ganância do ser humano no passado. Por muitos anos, perdurou o holocausto das baleias a fim de iluminar as cidades, fabricar perfume com o âmbar-gris, além de muitos outros usos. As pessoas arriscavam a vida caçando um animal desses, viviam por quatro anos no mar, matando várias baleias por navio. Eu não consigo ser a favor desta exploração toda, por isso, em Moby Dick, eu torcia para as baleias.

Concluída a leitura, fui atrás de algumas resenhas e descobri que o final do livro é bastante famoso, e tem muita gente que não gosta. Eu simplesmente adorei este final, achei merecido.  Nestas resenhas, também descobri que Moby Dick, apesar de ter este tom épico, trata muito mais das emoções humanas: a monomania de Ahab, seus conflitos com o imediato Starbuck (imediato é uma espécie de cargo nos baleeiros), e os conflitos que vão surgindo quando se passa muito tempo confinado. Nada disso me pareceu presente nesta adaptação. O livro me deu uma certa preguiça, para dizer o mínimo e me deixou com uma grande ressaca literária. Demorei muito para concluir a leitura. Não sei explicar o porquê desta dificuldade toda que senti, visto que é uma adaptação. Talvez seja este o motivo: Era um resumo, e já estou acostumada a ler obras integrais. Apesar de não ter gostado tanto assim da história, ainda pretendo ler o livro original (vou continuar no "team baleias"). 

Estou apaixonada por estas ilustrações, que além de lindas são bem explicativas

Esta edição da Abril é muito bonita, para dizer o mínimo. Tem ilustrações belíssimas, glossário, muitas notas de rodapé... É fundamental para quem está iniciando a leitura (eu mesma consultei muitas palavras, já que não entendo nada de navegação e de navios baleeiros). Ao final do livro, tem um apêndice falando um pouco sobre as espécies de baleias e sobre a história da caça e sua proibição (o que achei muito importante).

Apenas lembrando: Em algumas partes eles chamam baleia de peixe, contudo, elas são mamíferos, e portanto, não podem ser pescadas, apenas caçadas. 

Recomendo esta leitura para a faixa etária dos 12 anos de idade, mais ou menos, que tenham interesse em conhecer os clássicos, mas não se sentem seguros ainda. Para estas pessoas a leitura será mais proveitosa que foi para mim. Mas não posso negar que aprendi muita coisa nova com este livro, o que compensou um pouco a má experiência de leitura. Por isso vou dar 3  aviõezinhos.