3.1.16

Especial Millenium

Feliz 2016, pessoal!! Ano novo é tempo de cumprir as promessas não cumpridas do ano passado! E sim, finalmente estou aqui, com um post especial sobre a saga Millenium. 

Para quem não sabe, a série originalmente teria 10 volumes, porém o autor Stieg Larsson morreu antes disso, e acabou se transformando numa trilogia.
Dez anos depois, o autor David Lagercrantz publicou um quarto livro, dando continuidade à série. Esta publicação foi um dos maiores lançamentos da Editora Companhia das Letras em 2015. A trilogia Millenium foi uma obra póstuma, e o autor que fez a continuação teve a autorização da família Larsson para isso. A Saga Millenium é ambientada na Suécia, escrita por autores também suecos. De modo geral, conta a história do jornalista Mikael Blomkvist e da hacker Lisbeth Salander. O que tem a ver um personagem com o outro? Continue lendo que vou explicar livro a livro. 

Millenium 1: Os homens que não amavam as mulheres


Li este livro em 2013, então talvez não me lembre de grandes detalhes. Porém, este post não tem o intuito fazer uma resenha detalhada de cada um dos livros (até porque viria cheia de spoilers, já que é uma série).  Este primeiro volume é um romance policial típico em um  aspecto: uma pessoa some e alguém é contratado para fazer a investigação. Porém, ele consegue fugir dos padrões. Não inicie esta leitura pensando em uma Agatha Christie sueca. O livro consegue abordar temas mais profundos, como corrupção empresarial e violência contra a mulher. O jornalista Mikael Blomkvist, um dos donos da revista Millenium, prepara uma reportagem denunciando um empresário. Porém, comete um grande erro: Ele não consegue provar, e acaba sendo condenado. Quando tudo parece estar perdido, Mikael recebe uma proposta inusitada de um outro magnata. Ele resolve aceitar e então vai para o vilarejo de Hedestat investigar o sumiço de Harriet Vanger, sobrinha preferida de Henrik Vanger, o "poderoso chefão" do império industrial que o clã possui. Esta garota sumiu há muito tempo, e diversas investigações (sem sucesso, é claro) foram realizadas. Mas o homem tem esperanças que o jornalista descubra alguma coisa com o seu talento. Em uma determinada parte da história, Lisbeth Salander aparece para ajudar Mikael. Particularmente, ela é minha personagem feminina favorita. Mas vamos falar um pouco sobre ela antes. Lisbeth vive sob tutela pois é declarada mentalmente incapaz. É um fato contraditório, pois ela é extremaente inteligente, e trabalha para uma empresa de segurança, a Milton Security. Contudo, a moça só aceita serviços que lhe interessam. Ninguém sabe como ela é capaz de conseguir tantas informações, mas isso é revelado para o leitor desde o início da história: a Lisbeth é uma hacker com um talento excepcional, além de muito curiosa. Em algum ponto da narrativa ela descobre o que Blomkvist anda investigando e passa a mandar respostas, da forma enigmática que só a Lisbeth Salander sabe fazer (ela tem um raciocínio lógico impressionante, além de memória fotográfica). Então Blomkvist a contrata como ajudante. É interessante ver uma certa mudança acontecendo na garota durona e solitária. 

Millenium 2: A menina que brincava com fogo 


Este segundo livro inicia um pouco depois do primeiro. Aquele mistério da garota Vanger foi totalmente solucionado, e a história é quase independente do primeiro volume, exceto em alguns detalhes. Neste livro, Mikael está trabalhando em mais uma reportagem "bombástica", e desta vez conta com a ajuda do também jornalista Dag Svensson e sua esposa, Mia Bergman, que denunciam o tráfico de mulheres para o mercado sexual. Assim como o primeiro livro, este também peca no excesso de personagens (e todos têm os nomes difíceis, fica complicado saber quem é quem com tantas consoantes juntas), o que dá uma confundida no leitor. Contudo, a narrativa é eletrizante e não tem como largar o livro por um segundo sequer. Nesta história, qualquer detalhe a mais pode ser chamado de spoiler. O segundo volume não se parece tanto um romance policial clássico. Ele faz mais discussões de temas fortes, seguindo a linha da violência contra a mulher, e, em linhas gerais, traz a busca por um suspeito (logo revelado) de um crime que já aconteceu. Eu não lembro de ter reparado no primeiro livro aquelas pausas gigantescas que o autor faz: enquanto a história está a todo o vapor com um núcleo de personagens, ele interrompe e apresenta um novo personagem ou a história de algum já conhecido. Sei que muita gente se incomodou com isso, mas no meu caso isso ajudou a manter minha curiosidade. O que achei interessante na escrita de Larsson foi a imitação da vida real. Como assim, Lívia? Simples: cada personagem tem uma história e é importante ao seu modo. Ele contextualiza tudo o que o coadjuvante sente e fala um pouco sobre sua vida e como chegou até ali, e isso dá uma certa veracidade na história, como se vilões e mocinhos realmente existissem e tivessem alguma relação com Estocolmo e com os demais personagens. Assim, a história não gira somente em torno de Salander e Blomkvist (embora sejam os protagonistas), mas cada personagem secundário tem sua importância. Este livro também deu bastante destaque para a equipe da polícia e para Erika Berger (sócia da Millenium) e a jornalista Malu Eriksson, que vai brilhar mesmo no terceiro livro. 

Millenium 3: A rainha no castelo de ar


Se você gostar do segundo volume da ex-trilogia, providencie o terceiro antes de terminar a leitura. A história é interrompida praticamente no seu ponto mais alto e você vai querer saber o que aconteceu. Qualquer coisa que eu falar aqui será spoiler dos grandes, então não vou me prolongar. A temática continua a mesma do segundo, com o detalhe de que mais fatos sobre o passado da Lisbeth são revelados. Neste volume, brilham a irmã de Mikael, Annika Giannini e a nossa já querida e conhecida Erika Berger. Este volume inicia exatamente onde termina o volume 2, e tem um certo ar de desfecho mesmo. Não sei como seriam os outros livros do Larsson, mas provavelmente a serie seria toda heterogênea, com livros que praticamente falam por si próprios, como aconteceu entre o primeiro e o segundo.

Millenium 4: a garota na teia de aranha


Já neste livro, claramente podemos ver que o autor tentou imitar o estilo de Larsson, porém percebe-se a diferença, o que é muito legal. Não acho que Lagercrantz precise ser a sombra do Stieg Larsson para continuar Millenium, desde que mantenha o estilo da série e as características dos personagens, e isso ele fez muito bem. Nesta trama, aparece um garoto autista que presenciou o assassinato de alguém que detinha informações importantes. Este menino possui uma capacidade incrível para a matemática e o desenho, sendo perseguido pelos assassinos de seu pai e pela polícia, que deseja protegê-lo. Mas no fim das contas alguém muito inusitado o salva. Este livro desenterra ainda mais o passado da Lisbeth e de sua irmã, Camilla Salander. Além da violência contra a mulher (pelo visto a série toda segue esta temática, leiam e entenderão o porquê.), o livro aborda a questão da espionagem virtual e envolve até meso a NSA. O autor segue o mesmo padrão de parar quando a história está acontecendo para falar de outro núcleo. A equipe da polícia que investiga o crime é a mesma do segundo e terceiro livro, e não sei dizer se é bom ou ruim. Por um lado, nos reencontramos com personagens queridos como a Sonja e o Bublanski, por outro, é um pouco inverossímil que Estocolmo inteira tenha apenas esta equipe, ninguém se aposentou, ninguém foi promovido nesses dez anos que separam os volumes 3 e 4. Como li tudo muito em seguida, percebi um erro de continuidade: No terceiro livro, Sonja Modig é casada e tem crianças pequenas. Já no quarto livro, é mãe solteira de um garoto de 6 anos. Fiquei ao mesmo tempo triste com a falha e feliz por percebê-la (sou muito distraída, nunca percebo esses erros).

Vocês perceberam que eu gostei bastante da série. Como não fiz resenha individual, vou dar uma nota para a série inteira. Li algumas notícias dizendo que o novo autor pretende continuar, e confesso que estou bastante ansiosa para que isso aconteça. Eu gosto de Millenium por ser policial, ter mistérios, mexer com meu raciocínio lógico e também por trazer problemas sociais a serem pensados e discutidos. Gosto da construção dos personagens: enquanto Mikael é um solteirão bonito, inteligente e que tem todas as mulheres aos seus pés, Lisbeth é estranha, não segue convenções sociais, tem o próprio conceito de justiça e é incrivelmente forte e corajosa. Um aspecto que me incomodou é que o Mikael às vezes acaba sendo um pouco de Robert Langdon (personagem de Dan Brown em O código da Vinci e demais livros da série), então está sempre no lugar errado e na hora errada, tem sempre as informações, sempre encontra ajuda e salva o dia. O Mikael é o personagem comum. A Lisbeth é a inovação e a alma da série. 
 *obs: Todas as imagens dos livros usadas neste post foram retiradas do site da Editora Companhia das Letras. 
Nota: 

10 comentários:

  1. Eu sou um grande fã da série, na verdade essa é minha série de livros favorita, adoro a escrita do Stieg e os personagens são completamente cativantes (principalmente a Lisbeth). Mas eu não vi lá com muitos bons olhos essa história de outro autor continuar a série, claramente um daqueles momentos de desespero que a editora que arrancar mais dinheiro dos fãs de qualquer forma, não li o quarto livro ainda, e não tenho planos no momento de lê-lo.
    xoxo

    http://planeta94.blogspot.com.br/

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    1. Jason, até onde eu sei é a própria família do Stieg que pediu para a série continuar, obviamente por interesse financeiro. Mas vale a pena porque a história é boa :) seja bem vindo a bordo!

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  2. Oi Lívia!
    Tenho a trilogia, mas ainda não li nenhum dos livros. Mas espero fazer isso em breve!

    Beijos,
    Epílogos e Finais

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    1. Bianca, pega um tempinho para ler, é realmente muito boa essa saga! Eu pelo menos amei!! Obrigada pela visita, seja bem vinda a bordo!

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  3. Oii Lívia, tudo bem?

    Tenho muita vontade de ler essa série, mas confesso que tenho medinho de ler o quarto livro e detestar por ser uma continuação meio que "forçada", me entende? Depois de ler seu psot fiquei mais tranquila porque, apesar de ter uns errinhos, como você disse, isso não quer dizer que o livro não seja bom.

    Adorei seu blog, beijo!
    Vi.

    http://blogfloreando.blogspot.com.br/

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    1. Virginia, não precisa ter medo não! Só percebi um pouco a diferença porque comecei o 4 assim que terminei o 3, então ficou um pouco óbvio. Mas foi realmente uma boa continuação, o enredo é consistente, e só achei aqueles errinhos mesmo, nada além daquilo. Beijos, seja bem vinda a bordo!

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  4. Pelo visto, o CV estrou em 2016 com tudo!
    Descobri a Trilogia Millenium pelo canal Literatus TV, num vídeo sobre a polêmica em torno do 4º volume da série. Eu nunca tinha ouvido falar de Stieg Larsson e nem dos seus livros, embora o nome "Os homens que não amavam as mulheres" fosse vagamente familiar, talvez pela existência dos filmes. A partir daquele vídeo, fiquei impressionada com a história, determinada a ler. Ainda não comprei, mas esse seu post aumentou mais ainda a minha vontade!

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    1. Eu nunca vi este vídeo :/ vou procurar... Eu li por indicação de uma colega do cursinho mesmo, e amei a história, bem antes de saber que lançariam o quarto livro (na verdade eu nem sabia que Larsson tinha morrido hahahahah) quando puder, leia sim. É uma história fantástica, e pelas suas leituras, acredito que você vá gostar.

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  5. Já ouvi falar muito sobre essa trilogia (que agora não é mais trilogia) em vídeos e alguns outros blogs. E sempre que encontro alguma informação sobre os livros, fico ainda mais animado para ler. Mas ainda preciso comprar :(

    Adorei o post, me deixou com mais vontade de ler!
    Abraço!

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    1. Caio, coloca na listinha que vale a pena! Logo vão lançar mais um livro, então é capaz da editora lançar um box ou algo do tipo em breve... Eu recomendo com certeza!

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