26.9.15

Resenha: Ensina-me a Viver

Nicholas Hoffman está acostumado a uma vida luxuosa e cheia de mulheres que não dormem mais de três vezes com ele. Saiu de Nova York muito jovem para seguir seu sonho de ser fisioterapeuta, e em Miami construiu uma promissora carreira: é professor universitário, tem uma clínica de sucesso e nos finais de semana trabalha em uma ONG. Em um prostíbulo, ele conhece Ellen, uma garota virgem que estava machucada. Por motivos que nem o próprio Nicholas conhece, resolve ajudá-la, dando início a uma bela amizade.
"Então minha proposta é a seguinte: e se nós dois, todos os dias antes de dormirmos, contarmos um segredo ao outro? Eu conto uma coisa sobre mim que você não sabe e você me conta uma coisa sobre você que eu não sei. Assim a gente se conhece  ao mesmo tempo e vamos poder entender o porquê de sermos assim desse jeito. O que me diz?"
Confesso que estava muito ansiosa para ler o livro desde que a autora Thais Benício e eu firmamos parceria (Leia aqui a entrevista com a autora). Posso dizer que foi um grande desafio: sou blogueira inexperiente, tenho a primeira parceria, nunca li nenhum romance erótico (gênero de Ensina-me a Viver), e ainda corria o risco de não gostar. Mas como não fujo de desafios, encarei 402 páginas na telinha do celular. 
Confesso que no começo eu não estava gostando não. Para começar, o cenário é Miami. Thais é de João Pessoa, uma cidade linda e eu meio que estava querendo saber como seria a vida por lá e tal. Eu gosto de histórias ambientadas onde o escritor vive, e seria uma experiência incrível, pois praticamente só temos livros, novelas e filmes no eixo Rio-São Paulo, e quando fogem disso, são "regionalistas". Seria legal ter uma história de vida agitada na Paraíba, por exemplo. Imagina quanta coisa legal  por lá que eu não tenho aqui do lado de São Paulo? Não que essa vontade não atendida tenha atrapalhado o andamento do livro, isso foi mais um desabafo. Até mesmo porque eu estava ciente da ambientação quando a autora me enviou a sinopse. 
O segundo ponto que me incomodou foi o fato de o Nick (vou me dar essa liberdade, sorry, Ellen) não ter nem mestrado ainda e ser professor universitário. Isso estava bem amarradinho na narrativa; ele era um prodígio e o reitor acreditava na competência dele. Mas mesmo assim, na história a Universidade de Miami é muito renomada, uma universidade de ponta. E tendo toda essa qualidade, é pouco provável que eles contratem alguém sem doutorado no mínimo. Se Nick tivesse pelo menos o seu mestrado, ficaria mais verossímil. 
Mas não demorou muito para eu estar completamente viciada no livro. Juro. Começou com aquela sensação, não sei se vocês já passaram por isso, de estar entediada com um livro e depois de parar a leitura não conseguir pensar em outra coisa ao não ser a história que está lá esperando para ser lida. Depois de ficar até 3:00 da manhã mergulhada no universo de Nick e Ellen, me convenci de que estava realmente A-M-A-N-D-O Ensina-me a Viver. 
Vou continuar com a sinceridade aqui falando que tinha vontade de dar uma surra no Nick no início da história. Que cafajeste! Para ele as mulheres eram objetos de prazer, descartáveis e ele vinha com aquelas desculpinhas bobas que não se envolvia para não machucá-las. Então aparece a Ellen. Que moça de fibra! Adoro essas mocinhas corajosas que mostram a que vieram e dão a cara a tapa. Ela largou tudo em busca do que acreditava, por pura lealdade ao melhor amigo (não darei spoilers aqui, mas quando ela confessa o que está fazendo em Miami é muito fofo S2). Mesmo sem experiência amorosa, ela sabe até que ponto pode se envolver com Nicholas, e não aceita tudo passivamente.Aceita a ajuda por não ter para onde ir, mas não tarda em procurar um trabalho e em cuidar da sua vida sem depender de Nicholas.  Ela corre atrás, sabe a hora de dizer não. E mesmo assim, consegue ter pensamentos, diálogos e gostos de uma garota de 18 anos!
"Você foi um anjo colocado no meu caminho, Nicholas. Você me salvou de cometer um erro. "
Já o Nicholas, no decorrer da história, percebemos por que ele é  assim. Na verdade, ele está assim. Ele carrega muitos fantasmas consigo, abriga seus demônios. Percebemos que Nick é uma boa pessoa, que ele é capaz de amar, e faz isso muito bem. Mas ele tem seus traumas. Não sabe lidar com seu passado, e se tortura pelas culpas que sente. O sexo é sua válvula de escape. E apesar de tudo isso, leva uma mulher desconhecida para sua casa (o que ele nunca fez com nenhum das mulheres com quem dormia) e dá a ela tudo o que ela precisa para se reerguer.E o faz por amor, o amor que ele se nega a admitir.
 A Ada é uma vilã que amamos odiar. Talvez no fim das contas ela nem seja tudo isso de má, mas toda a narrativa é feita pelo Nicholas, e para ele, ela é a culpada de tudo. Só para situar, Ada é a ex-namorada de Nick, o grande amor da sua vida que nunca foi superado. O nosso protagonista nunca mais foi o mesmo após encontrar sua namorada e o seu amigo de infância na cama. E só posso dizer que ela enche o saco, é inoportuna. Você inevitavelmente vai se pegar xingando a ela e aos seus antepassados.  
Eu quase morri por causa dela. Ou de mim mesmo, por ter sido fraco o suficiente para me deixar levar por sentimentos tão insignificantes quanto o amor e a culpa. O amor eu aboli da minha vida. A culpa ainda está aqui. 
Outros personagens que têm sua importância no livro, mas na minha opinião não mostraram muito bem a que vieram, são Robert e Rachel, as duas únicas pessoas que sabem sobre Nick e seu passado. Robert passa a trama toda como confidente. Confesso que não consegui dar-lhe um rosto, embora tenha simpatizado com ele. Ele conta seus problemas também e é o melhor amigo de Nicholas, mas parece que sua grande função é ser o "ajudador" dos pombinhos. Porém, não brilha muito sozinho. O que achei legal é que há uma troca de personalidade entre os amigos durante boa parte da trama, pois Rob passa por uns momentos difíceis e acaba assumindo o estilo de vida de Nicholas durante um tempo. Rachel é a proprietária do prostíbulo onde os protagonistas se encontram. Dei boas risadas com ela, mas não li quase nada sobre sua vida. Espero que esses dois personagens brilhem um pouquinho mais nas continuações. 
Sinceramente, nunca tinha lido nada parecido com Ensina-me a Viver! O livro é único, e a Thais Benício tem muito estilo para escrever. Ela é cuidadosa na descrição das roupas e do ambiente, fala dos sons e dos cheiros que Nick sente, fala se ele gosta do que vê ou não. O leitor praticamente incorpora o narrador. Além disso, vai entregando os mistérios em doses homeopáticas. Quando eu achava que a historia estava acabando, porque tudo parecia estar resolvido, faltavam muitas páginas ainda, e acrescentava-se mais um elemento a partir do mistério inicial. E não tem como não querer descobrir qual é a culpa de Nicholas. Outra coisa que achei interessante foi a mudança da descrição das cenas de sexo nas duas fases de Nick. O cafajeste faz atos quase que mecânicos, e apesar de ele ressaltar o quanto está bom, parece que não convence. Eu pelo menos não consegui sentir empatia. O narrador só fala que aquilo é muito bom, mas nada de descrever suas sensações e  sentimentos . Entretanto, quando Nick e Ellen estão em seus momentos quentes, as descrições são maravilhosas, muda completamente. Parece haver prazer, há envolvimento, e toda aquela mecanicidade se perde. Achei sensacional essa quebra no roteiro. São esses detalhes que caracterizam a construção dos personagens. 
A autora não deixa pontas soltas na narrativa, tudo é muito bem amarrado. Os fatos se explicam e no fim tudo faz sentido. A construção de Ellen e Nick é impecável. Todas as suas atitudes e falas justificam sua personalidade. Tirando o detalhe do doutorado, tudo  na trama é plausível. Os gostos de Ellen, o dinheiro de Nick, a escolha lexical dos diálogos. Eu ia lendo e pensando: caramba, essa menina tem talento! Thais, você é uma escritora incrível!
O final do livro me deixou sem fôlego. Eu preciso do segundo livro da trilogia, para ontem! Pela primeira vez na minha vida pude falar para uma escritora: "Como que você faz isso comigo? Como vou me aguentar até sair a próxima parte??" E ela foi super atenciosa, muito fofa desde o dia que começamos a conversar sobre a parceria. Ela confiou essa responsabilidade a mim, e foi super bacana em aceitar um blog tão neném como o meu. Obrigada, Thais, de coração! Nunca conseguirei agradecer esse voto de confiança, essa oportunidade que você me deu. 
E o veredito é o seguinte. LEIAM esse livro. Ao contrario do que eu imaginava, não tem cenas de sexo o tempo todo. Claro, elas são frequentes, mas não chega a cansar. Achei muito bem dosado, inclusive. Eu indico o livro sim. A escrita é um pouco diferente, e tem a liberdade dos palavrões. Os personagens realmente falam o que pensam, e o fazem em uma linguagem normal, igual conversamos com os amigos  fora do papel, na mesa do bar. Não há pudores ou falso moralismo, os personagens são pessoas normais. Eu gostei bastante da obra como um todo, e compraria sim o restante da saga. 
O lançamento será dia 30/09/2015, na Amazon e assim que eu tiver o link da página eu faço uma postagem informando a todos. Estarão disponíveis os livros físico e digital.  No meu Twitter (@liviamsantana) também informarei tudinho!

2 comentários:

  1. Parabéns pela parceria e principalmente pela resenha! A resenha ficou muito boa, mas apesar disso não leria o livro rsrsrs mas enfim... Sucesso!

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    1. Obrigada, Vinicius! Bom, cada um tem que ler o que lhe agrada, não é mesmo? É isso que torna a leitura prazerosa! Mas caso sinta curiosidade sobre o gênero, o livro da Thais é um bom começo. Pelo menos para mim foi, acho que agora até leria os hot romance mais famosinhos que nunca haviam me chamado atenção! Beijos, seja bem vindo a bordo!

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Ilustração por Wokumy • Layout por